domingo, 3 de julho de 2011

RESUMO HISTÓRICO DO MOVIMENTO NACIONALISTA NOS ÚLTIMOS 50 ANOS

PARTE 2: 1964
         Em 16 de março de 1964, houve a transferência de um quadro do movimento do Rio para Brasília. Estava sendo aberta a criação da Seção Brasília do Movimento. Os contatos foram, única e exclusivamente, nas duas primeiras semanas com estudantes ligados à esfera do comunismo. Como estava estabelecido que a seara de recrutamento só poderia ocorrer em campos até então anti-nacionais, dado ao fato de que só se conferiu status de nacionalista a quem pertencesse ao movimento em si, explicitamente, nada mais natural portanto, que semear politicamente no campo ocupado, pelos chamados esquerdistas.
No final de março apenas um único recruta havia sido obtido e com um efetivo tão esquálido, só restou, quando da eclosão do movimento contra Jango, acompanhar para observar e estudar a pálida movimentação de resistência, gerida pelas organizações marxistas que terminou em uma passeata na W3 Sul, que foi interrompida por rajadas de metralhadora dadas para o alto por tropas do exército que bloqueavam a via.
         Tirando um único estudante comunista que permaneceu visível em Brasília, Paulo Wagner, que pertencia ao Partidão, o restante todo escafedeu-se, havia é claro um maluco da POLOP, chamado Osvaldinho, que tinha um plano obsessivo de dinamitar a torre da Rádio Educadora, instalada no terreno do Colégio Elefante Branco, a quem ele atribuía toda a responsabilidade pela irradiação de propaganda “reacionária”.
          Paralelamente na Guanabara, havia ocorrido uma forte aproximação da resistência chefiada por Lacerda, durante os dias que envolveram o movimento militar. Isto gerou uma contradição, a aparente esquerdização do núcleo de Brasília, em paralelo a direitização da Guanabara pois o Lacerdismo ainda era visto como aliado ao Governo Federal. Por alguns meses o quadro político permaneceu difuso e confuso para o incipiente Movimento Nacionalista. Em julho de 64, impôs-se a definição: o governo castelista era entreguista e conseqüentemente situava-se no campo adversário ao Nacional e paralelamente os opositores comunistas também deviam ser combatidos. Estava consagrada a tese de uma guerra em duas frentes.
         No segundo semestre do ano a Seção de Brasília já havia se fortalecido tanto, que ao eclodir a crise, que envolvia o Governador de Goiás, a hegemonia obtida pelos Nacionalistas era tão grande que garantiu que a direção do que se pretendesse organizar em Brasília, envolvendo inclusive militantes de organizações marxistas como, POLOP e filos-marxistas com AP coubesse  a Seção Nacionalista Brasília. Em nome da Seção e dos marxistas agregados, em resposta a um convite formulado por Mauro Borges, dois estudantes representando Brasília compareceram ao Palácio em Goiânia. Na cidade se respirava um clima de cerco. Fervia de jornalistas e o clima era marvótico, a segurança para circular era obtida por senhas, substituídas todos os dias. A que estava sendo usada no dia da conversa com Mauro Borges era Rogério. A conversa foi longa, ele estava totalmente isolado e tinha duas enormes preocupações, uma era a de evitar que bandeiras comunistas fossem desfraldadas, pois assegurava que 20% das forças armadas eram de direita, 10% de esquerda e o restante todo centrista. Ao lado desta preocupação de ordem política, existia uma de natureza militar, medo maior do que dos tanques, Mauro tinha dos pára-quedistas, não sabia como a população reagiria. Vendo soldados descendo dos céus. Terminado o acerto, os representantes de Brasília retornaram a sua cidade e lá cumpriram a espera, aguardando a entrega do armamento que Borges havia prometido. Ao invés de armas veio um agradecimento e a afirmação de que ele não gostaria de ver jovens serem sacrificados. Enquanto o agradecimento era entregue os aviões lotados de pára-quedistas cruzavam os céus de Brasília na direção de Goiânia.
         Nos últimos meses do ano, dirigentes comunistas, principalmente os do movimento estudantil, começaram a acordar da longa hibernação e o seu retorno, solidificou uma posição nítida na cidade. Em Brasília, em dezembro de 1964 haviam três correntes do movimento juvenil. Os que acompanhavam o castelismo, os comunistas e pela primeira vez na história brasileira havia um movimento juvenil Nacionalista, não constituído apenas por quadros, mas já com a visão de se constituir em movimento de massa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário